Tema 4: Ocupação de territórios por empresas estrangeiras: impactos sobre as populações locais
A discussão 4 foi aberta em 31 de janeiro de 2023 com uma série de apresentações de sindicatos, ONGs, especialistas e membros da comunidade sobre o papel das empresas estrangeiras e os efeitos da financeirização no Brasil e no mundo em 31 de janeiro de 2023. Ela foi concluída em 7 de março com uma avaliação dos intercâmbios, incluindo os realizados durante os webinars regionais no Brasil e na Europa em 23 de fevereiro, para apontar caminhos de ação que abrem uma nova fase de trabalho para a FLT.
Encontre aqui as gravações completas destes webinars, os materiais de apresentação dos palestrantes, os intercâmbios no fórum de discussão desta discussão
Não há necessidade de registro. As videoconferências são traduzidas simultaneamente em 4 idiomas: francês/inglês/espanhol/espanhol e português.
Tema 4, 31 de janeiro a 7 de março de 2023
Os debates sobre a posse de terras por empresas estrangeiras no Brasil têm aumentado nos últimos anos. Essas açambarcações de terra têm impacto sobre a soberania alimentar, o meio ambiente e a segurança e direitos das populações camponesas, florestais e pesqueiras.
A fim de alimentar os lucros das grandes empresas nacionais e/ou internacionais, elas não hesitam em cometer fraudes a fim de se apropriar de terras públicas, na maioria das vezes com a conivência de atores locais privados ou públicos. A apropriação e concentração da terra levam à exploração excessiva dos recursos naturais, conflitos agrários e deslocamento forçado da população.
De acordo com dados oficiais do governo (IBGE/2017), a estrutura da propriedade da terra no Brasil continua concentrada. Segundo os dados, o país possui 5.073.324 estabelecimentos agrícolas. Destes estabelecimentos, 51.203 têm uma área superior a 1.000 hectares, o que representa apenas 1% do número total de estabelecimentos, mas ocupa 47% das terras utilizadas pelos estabelecimentos agrícolas; os 99% restantes ocupam 53% das terras agro-pecuarias. No total, a agricultura familiar, com seus mais de 10 milhões de trabalhadores, tem apenas 23% das terras agro-pecuarias.
De acordo com dados do INCRA (agência de terras do Brasil), em 2020 cerca de 3,9 milhões de hectares de terra estão registrados no país como propriedade estrangeira, dos quais 2,2 milhões foram adquiridos por pessoas físicas e 1,7 milhões são controlados por empresas. É de notar a compra de 750.000 hectares pelo Harvard University Fund e TIAA-CREF (uma empresa americana de seguros e fundos de investimento), através de brechas legais usando os nomes de empresas brasileiras, verificados pelo INCRA em 2020.
De acordo com um artigo publicado pelo jornal Brasil de Fato, as terras controladas por estrangeiros no Brasil são distribuídas da seguinte forma: 33% na região sudeste, 22% na região centro-oeste, 16% na região nordeste, 15% na região sul e 14% na região norte.
Em 2020, o Brasil registrou recordes em termos de devastação ambiental, incêndios e um avanço significativo na destruição de áreas protegidas. Mais de 3,4 mil Km² de floresta amazônica desapareceram durante o segundo semestre de 2020 (DETER/INPE, 2020). Aproximadamente 1.576 casos de conflitos fundiários, afetando mais de 171.000 famílias brasileiras, foram registrados no mesmo ano (CPT, 2021).
Também em 2020, o Senado Federal aprovou o Projeto de Lei 2.963/2019 - atualmente em discussão na Câmara dos Deputados - que flexibiliza as regras e reduz as restrições e permite aos estrangeiros comprar até 25% do território dos municípios brasileiros. O argumento utilizado para justificar esta lei é atrair investimentos estrangeiros para o país. Se esta lei fosse aprovada, ela representaria uma ameaça direta à soberania nacional e à segurança dos agricultores familiares, camponeses, indígenas, quilombolas e populações tradicionais do Brasil, levando a um aumento significativo da insegurança alimentar, da desigualdade e dos conflitos já existentes nas áreas rurais.
A CONTAG e seus movimentos sociais parceiros realizaram uma série de ações em nível nacional e local, denunciando e articulando com organizações sociais e parlamentares a fim de definir estratégias para combater a ocupação do território nacional por empresas estrangeiras e a violação dos direitos das populações do campo, das florestas e das águas.
A 4ª rodada do Fórum Global de Lutas pela Terra e Recursos Naturais, coordenado pela CONTAG, tem como objetivo informar sobre esse tema. Esta discussão permitirá um intercâmbio entre organizações de diferentes regiões e continentes, a fim de propor estratégias para lutar contra a expansão das empresas estrangeiras e do capital internacional.
Olá, hoje sou contatado por uma plataforma de cidadãos que agrupa cooperativas e organizações da sociedade civil, que se formou em torno da cidade de Moundou, no sul do Chade. Eles querem denunciar ações relativas ao alerta que lançaram em 04 de janeiro de 2023 sobre a apropriação de terras, a defesa dos interesses nacionais e as violações da soberania nacional do Chade. Os eventos estão ocorrendo na província de Logone Ocidental ao redor do novo matadouro da cidade de Moundou e a criação de uma zona econômica especial (ZEE). O estado chadiano está associado em PPP... Leia mais "
Mensagem corrigida Olá a todos. Parabéns pela retomada das discussões do Fórum. O título e o texto introdutório do quarto tópico de discussão me fazem pensar sobre várias coisas, que eu gostaria de submeter aos palestrantes da conferência de lançamento em 31 de janeiro de 2023. Como o impacto do uso da terra por atores estrangeiros difere do uso da terra por atores nacionais? Esta questão se sobrepõe a duas outras questões mais específicas, dependendo dos setores envolvidos, as populações rurais de um lado, e a população total (urbana e rural) do outro. Qual é o impacto da... Leia mais "
Mensaje corregido Hola a todos. Estou encantado com o relançamento dos debates no Fórum. O título e o texto introdutório do quarto tópico do debate me fazem pensar sobre várias coisas que gostaria de perguntar aos participantes da conferência inaugural em 31 de janeiro de 2023. ¿En qué se diferencian las repercusiones del uso de la tierra por parte de agentes extranjeros del uso de la tierra por parte de agentes nacionales? Na realidade, esta pregunta se solapa con otras dos mais específicos, según los sectores de que se trate, las poblaciones rurales, por una parte, y la... Leia mais "
Mensagem corrigida Olá a todos vocês. Parabéns pela retomada das discussões do Fórum. O título e o texto introdutório do tópico de discussão trimestral me fazem pensar em muitas coisas, que espero compartilhar com os participantes da conferência de lançamento em 31 de janeiro de 2023. Como o impacto da ocupação de territórios por estrangeiros difere da ocupação de territórios por nacionais? Esta questão na verdade se refere a duas outras questões mais específicas, dependendo dos setores envolvidos, como populações rurais, por um lado, e a população total (urbana e rural), por outro. Qual é o impacto... Leia mais "
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Olá a todos vocês. Parabéns pela retomada das discussões do Fórum. O título e o texto introdutório do quarto tópico de discussão me fazem pensar sobre várias questões, que eu gostaria de colocar aos palestrantes da conferência de lançamento em 31 de janeiro de 2023. Como o impacto da ocupação da terra por atores estrangeiros difere da ocupação da terra por atores domésticos? Esta questão na verdade se sobrepõe a duas outras questões mais específicas, dependendo dos setores envolvidos, as populações rurais, por um lado, e a população total (urbana e rural), por outro. O que... Leia mais "
Nos Camarões, e mais precisamente na Floresta Comunal Minta na Região Centro, esta floresta está localizada em uma zona de transição floresta-salva, em um estado avançado de degradação devido às atividades madeireiras e ao desenvolvimento da agricultura em escala industrial dentro desta paisagem. Estas atividades têm sido fundamentais para o avanço da frente de degradação desta floresta, em benefício do aumento das áreas de savana. Ao empreender atividades de reflorestamento neste site, com o apoio financeiro de doadores, as Comunidades gostariam de participar na reversão de... Leia mais "
Na França, o SAFER (Sté pour l'Aménagement Foncier et l'Etablissement Rural) é suposto monitorar a transferência de terras. Entretanto, está se tornando evidente que as instalações da empresa podem escapar ao controle e que as operações às vezes escapam de seu radar. A recente lei "Sempastou" promete limitar o fenômeno, mas demasiadas isenções limitarão sua eficácia. A forte pressão sobre as terras agrícolas devido ao desenvolvimento de "agro-voltaicos" e culturas energéticas (metanização, diesther) estão fazendo subir os preços e afastando os detentores de projetos agrícolas nutritivos da terra, uma lei de terras é urgente. O caso em questão na França é a compra de... Leia mais "
Este fenômeno está começando a crescer na República Centro-Africana como resultado de conflitos armados e da chegada maciça de forças internacionais que estão se tornando investidores...
Olá Ngakeu, e obrigado por sua participação. Você poderia compartilhar conosco um ou mais exemplos de ocupação de terras na República Centro-Africana? Você tem alguns exemplos de lutas locais para reivindicar esta terra? Muito obrigado!
Você acha que esta discussão resultará em um rato ou um elefante na vida da população local, especialmente na zona tropical?
Muito boa iniciativa em qualquer caso... !!!!!!!
Muito interessante na solidariedade Traoré fassery